Brasil registra 28 mil casos por ano de hanseníase; médico do Sul de MG explica como identificar e tratar a doença

26 ago 2023
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No Sul de Minas, pacientes foram internados compulsoriamente na Colônia Santa Fé, em Três Corações. O Brasil registra 28 mil casos por ano de hanseníase, segundo o Ministério da Saúde. Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) mostram que quase 216 mil casos foram detectados em todo o mundo, em particular no Brasil e na Índia, só em 2022.

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Cercada de mitos e preconceitos, no passado, pacientes eram internados à força, obrigados a abandonar as famílias e submetidos a tratamentos experimentais dolorosos em busca da cura da doença. No Sul de Minas, a Colônia Santa Fé, em Três Corações (MG), era um desses locais.

A doença, causada pelo bacilo 'Mycobacterium leprae', é uma das 20 enfermidades tropicais que a OMS considera negligenciadas. Ela é transmissível, ataca a pele e os nervos periféricos e deixa sequelas potencialmente graves.

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Se não tratada precocemente, a hanseníase pode causar lesões graves

GETTY IMAGES

A doença pode ficar incubada no organismo por até 20 anos. A demora no diagnóstico faz com que o paciente continue infectando pessoas próximas.

Manchas brancas ou avermelhadas pelo corpo, sensação de dormência e perda da sensibilidade na pele são sintomas da doença.

Tratamento pode levar um ano

Há décadas existe um tratamento médico com três antibióticos. Mas o tratamento pode chegar a 12 meses, o que dificulta o acompanhamento em países sem um sistema de saúde adequado.

"O tratamento é o esquema do Ministério da Saúde, que consiste em sulfona, pode ser clofazimina, rifampicina, que é altamente eficaz e às vezes alguns medicamentos digamos alternativos que podem ser usados quando alguém tem alguma intolerância por isso. Esse esquema varia de acordo com o tipo de doença, porque a doença tem vários subtipos, de toda forma o esquema base é esse", explica o médico cirurgião plástico, Tufi Neder Meyer.

O que é a hanseníase e os números altos de contágio no Brasil.

Arte/G1

Os antibióticos existentes são doados pela fundação do laboratório suíço Novartis, que fabrica os remédios, por meio da OMS.

'Durante algum tempo a sulfona foi utilizada sozinha. Começou-se depois a ver que havia desenvolvimento de resistência em certos casos com o uso isolado da sulfona, o que levou ao aparecimento de novas drogas, que em associação com a sulfona, constituiu um esquema duplo, tríplice, etc, que o ministério adota até hoje que é altamente eficaz, desde que aplicado corretamente no início da doença", explicou o médico.

Isolamento e Preconceito

Ainda segundo o médico, no passado, os leprosos, pacientes que tinham a hanseníase, ficavam isolados em colônias, de forma compulsória, como política de Estado.

"Porque era a política de estado. Era uma política compulsória de Estado, no Brasil pelo menos surgiu em tempos de ditadura, no tempo de Getúlio Vargas, quando Gustavo Capanema era o seu ministro de Educação e Saúde, era misturado nesse tempo, mas não era só uma iniciativa brasileira, isso foi praticado em vários locais do mundo como decisão de conferências internacionais sobre hanseníase. Não havia tratamento, havia um receio enorme da população, então acabava isolando os pacientes aqui compulsoriamente, porque por vontade própria não vinham facilmente", disse o médico especialista.

Hanseníase pode ser tratada se diagnosticada precocemente

Raiza Milhomem/Secretaria Estadual da Saúde

Mesmo com o passar do tempo, o médico acredita que esse preconceito ainda existe.

"Havia e creio que ainda há, infelizmente. A questão principal nessa história é tratar precocemente. Se o paciente for diagnosticado no início da doença e tratado adequadamente, ele não desenvolve nenhuma deformidade. Não sendo assim ele corre o risco de ter deformidades que causam preconceito. Hoje se usa o termo hanseníase para mostrar que é uma doença igual todas as outras, tratável e curável, mas tem que diagnosticar cedo", disse.

O médico completa dizendo que em caso de aparecimento de manchas brancas na pele, o ideal é procurar a ajuda de um dermatologista.

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FONTE: G1 Globo


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