Casal mineiro troca de profissão para trabalhar como videomaker e dribla relacionamento à distância
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Mariana Martins e Eduardo Heluany são formados em direito e engenharia de telecomunicações. Ele é de Guaranésia; ela de Três Corações (MG) e estão juntos há 8 anos. Casal mineiro troca de profissão para trabalhar como videomakers e dribla relacionamento à distância
Arquivo pessoal Ela é advogada. Ele é engenheiro de telecomunicações. Mari e Dudu são namorados há 8 anos. Além de amor, a história deles é unida por outro detalhe. Os dois trocaram as profissões de formação para trabalharem como videomakers pelo Brasil e o mundo. Num relacionamento à distância, os dois aproveitam os “jobs” em conjunto para matarem a saudade e se divertirem. Mariana é de Três Corações (MG); Eduardo de Guaranésia (MG). O casal se conheceu em 2015, enquanto ambos estavam na faculdade. Dudu cursava engenharia no Inatel, em Santa Rita do Sapucaí (MG), e a Mari estudava direito em Poços de Caldas (MG). O primeiro encontro aconteceu por meio de alguns amigos em Santa Rita. Mas o primeiro beijo mesmo foi em Poços de Caldas. Dudu, que já fazia a cobertura de pequenos eventos, aproveitou uma festa na cidade para trabalhar e encontrar com a jovem futura advogada. “Eu fiquei apaixonado. Comecei a conversar com ela no WhatsApp depois. Aí ela falou que estava indo numa festa em Poços. Eu falei: ‘eu também vou nessa festa, eu vou trabalhar lá’ e nem ia. Na hora eu já desenrolei o contato do dono da festa. Foi aí que dei o primeiro beijo e a gente começou a ficar”, relembrou Eduardo Heluany. Mariana Martins e Eduardo Heluany Arquivo pessoal Quando os dois se conheceram, Dudu já tinha uma produtora de vídeos. O primeiro cliente inclusive foi o Bloco do Urso, um dos maiores eventos de carnaval do Sul de Minas. Foi através dele que Mari conheceu o mercado audiovisual e se apaixonou. “Eu sempre fui muito proativa. Eu falava pro Dudu me levar e aí eu ia de assistente. No começo, eu fazia trabalho de motorista, ficava dando assistência pra galera. E aí, na faculdade, em 2017, eu fiz o intercâmbio. Eu morei seis meses fora. E lá, eu comprei uma câmera e comecei a fotografar”, contou Mariana Martins Garcia Gobbi. O intercâmbio na Europa fez Mari ampliar horizontes. Desde que comprou a primeira câmera, não parou mais de fotografar. Mesmo assim, ela se formou em Direito, passou no exame da OAB e trabalhou durante um ano em um escritório de advocacia. Nos fins de semana, ela se aventurava junto com Dudu nas coberturas de eventos no Sul de Minas. “Cheguei a fazer rave, sexta, sábado, domingo e na segunda-feira eu fazia audiência de terno. O meu maior medo era um cliente meu me achar um dia numa festa”, brincou Mari. Casal de MG deixa profissões para trabalhar como videomakers pelo mundo Arquivo pessoal Mudança de vida Foi após um HackTown, um dos maiores eventos de tecnologia e inovação da América Latina, que Mari decidiu abandonar a profissão e seguir por uma nova direção, assim como fez o namorado. “Pra mim foi muito bom. E me senti muito livre. Foi a melhor sensação que eu tive. Eu tinha muito medo do que a minha família ia achar, mas eu tinha certeza de que eu iria mudar, porque a sensação que eu tinha indo trabalhar todo dia era impossível de viver com isso o resto da minha vida. Então eu tive medo, mas eu fui com medo mesmo”, relembrou Mari. Casal mineiro troca de profissão para trabalhar como videomakers e dribla relacionamento à distância Arquivo pessoal Ao contrário de Mari, Dudu não chegou a trabalhar na área de formação. A paixão pelo audiovisual foi tanta que ele já estava totalmente engajado com os vídeos quando pegou o diploma. “Logo no começo da faculdade, eu comprei a minha primeira câmera e comecei a tirar fotos de festas da faculdade. Não teve uma transição brusca, foi bem gradual, foi bem mais aceito e eles [família] viam no meu olho que eu estava super realizado fazendo o que eu fazia. [...] Eles foram vendo que é uma profissão tão rentável e tão séria como a medicina, como o direito, como a engenharia e isso também deu confiança para eu continuar a fazer o que faço até hoje”. Casal videomaker Mesmo tendo conhecido o universo do audiovisual por meio do namorado, Mari contou que em nenhum momento foi pressionada a seguir a profissão. Foi o talento e o olhar cuidadoso dela com as imagens que fez a mudança acontecer. Mesmo sendo namorados há 8 anos, Mariana e Eduardo trabalham com CNPJs separados. “A gente sempre trabalhou autônomo e, como é muito freelancer nessa área, quando tinha um trabalho que precisava de mais gente, eu ia e vice-versa, e até hoje é assim”, contou Mari. Casal mineiro troca de profissão para trabalhar como videomakers e dribla relacionamento a distância Arquivo pessoal A profissão escolhida pelo casal traz benefícios que as formações originais não trariam: a oportunidade de poderem trabalhar em projetos juntos ou no mesmo local. Mari e Dudu continuam namorando à distância e aproveitam desses momentos para poderem passar mais tempo juntos. “Eu falo no que Deus gosta muito da gente, porque acontecem umas coincidências doidas, da gente ir para clientes diferentes no mesmo lugar, mas também na mesma data e aí tem um gap de datas livres que é muito interessante”, contou Mari. Eles filmam, fotografam, editam e produzem as gravações para os clientes. O casal contou que na maioria das vezes são contratados sem que as pessoas saibam que são namorados. Se para alguns trabalhar em conjunto pode ser desafiante e até um “abalo” no relacionamento, para Mari e Dudu é o grande diferencial. A sinergia entre eles reflete no trabalho desenvolvido para os clientes. “A Mari é essencial em set quando a gente está gravando. A pessoa que a gente está filmando está sem maquiagem, está com o cabelo desarrumado. É uma coisa que eu não tenho noção nenhuma. Ela já bate o olho e ‘tem que passar maquiagem, arrumar o cabelo assim’. A roupa está desfigurada. Arruma a roupa um pouco para lá. E para o cliente é um baita diferencial. Além do talento ne?, contou Dudu. Casal mineiro troca de profissão para trabalhar como videomakers e dribla relacionamento à distância Arquivo pessoal “Tem coisas que ele faz muito melhor do que eu. Tipo, procurar achar trilhas. Ele é muito bom, é muito fácil. Eu sou uma tortura. Eu fico três dias sofrendo para achar uma música boa e ele acha em 30 minutos. Que é uma dor de videomaker, de editor. Demorar para achar a trilha perfeita e tudo mais”, contou Mari. Trabalhando pelo mundo Uma das experiências juntos aconteceu na Grécia. Dudu foi para o país para trabalhar em um projeto que cuida há algum tempo. Neste mesmo período, Mari recebeu um convite para ser freelancer em um outro trabalho, porém na mesma época. “A Grécia foi o mastermind do Thiago Finch, que o Dudu trabalha sempre e ele ia precisar de uma equipe lá. Então ele falou que ia contratar uma equipe de lá para evitar custo de avião e tudo mais. E apareceu para mim um trabalho na Europa, um tour na Europa de 20 dias, em outubro do mesmo ano. E aí eu perguntei se o cliente se importaria se, ao invés de eu ir dia 20, eu fosse dia 10 para eu ir antes e conseguir fazer o evento com o Dudu. Ele disse que não e até que a passagem estava até mais barata. Então eu consegui estar lá para fazer o evento com o Dudu por causa de outro cliente que apareceu também”. Casal mineiro troca de profissão para trabalhar como videomakers e dribla relacionamento à distância Arquivo pessoal Em Londres foi a mesma coisa. Cada um foi para o país por um cliente diferente, mas desta vez estenderam a estadia para curtirem a viagem juntos. Foi assim também no Burning Man, uma das viagens mais marcantes para o casal. “Foram nove dias no deserto. eu levei uma câmera que imprime foto na hora e tirava foto das pessoas e trocava por comida, por água. É meio que uma desconstrução da sociedade por nove dias. Por estar no deserto, um lugar muito árido, é até difícil tomar banho. A gente dormia em barracas. Todo dia era uma aventura diferente”, contou Dudu. “Foi muito marcante quando eu cheguei. É um lugar surreal. Parece que é outro planeta. A gente realmente consegue ir para qualquer lugar do mundo, sabe? O mundo não é tão grande. Foi a primeira vez que eu tive essa sensação”, relembrou Mari. Mari e Dudu no Burning Man Arquivo pessoal Distância e o sonho de viver juntos Quem namora à distancia conhece os desafios de manter o relacionamento ativo e com a mesma paixão do início. No caso de Mari e Dudu, além da separação geográfica, a rotina de cada um deles envolve festas, grandes eventos e viagens internacionais. “Se a gente não trabalhasse com a mesma coisa, eu não acho que teria dado certo. Eu acho que, além dos ciúmes, é se distanciar da realidade mesmo. Você passa a viver um mundo, a outra pessoa passa a viver outro mundo. Daqui a pouco, vocês não têm mais coisas em comuns, não têm interesses ou assuntos em comuns e não faz sentido”, contou Mari. No momento atual, o casal está contente com o namoro à distância. Para eles, a saudade é o que faz mover o relacionamento. Mesmo com 8 anos de relacionamento, o tempo máximo que ficaram sem se ver foi três meses, durante o intercâmbio de Mari. “Todo final de semana, independente de onde estiver, a gente tenta se encontrar em algum lugar. Eu comecei a aprender que a gente está a um dia de distância de qualquer lugar do mundo. Então, assim, passou a não ser problema a distância física. A gente dá um jeito de se encontrar”, afirmou Dudu. “Eu acho muito bom, eu recomendo para todo mundo. Tem hora que a saudade aperta mesmo, mas a gente sabe que é temporário e que logo vai estar junto de novo também”, disse Mari. Casal mineiro troca de profissão para trabalhar como videomakers e dribla relacionamento à distância Arquivo pessoal Mas se no presente eles vivem sabendo que essa distância é necessária para o crescimento profissional de cada um, o futuro eles querem que seja bem juntinho. Eles não sabem quando isso vai acontecer, mas acreditam o tempo certo vai chegar. “Eu quero poder morar junto com a Mari e não se ver só durante o final de semana. Ter uma base que a gente possa chamar de casa, que a gente possa ter o nosso cantinho, decorar do nosso jeito. Ter uma rotina juntos. Criar uma família, com filhos. Enfim, é uma das coisas que eu mais desejo para o futuro”, revelou Dudu. “O futuro a gente quer junto”, finalizou Mari. Veja mais notícias da região no g1 Sul de MinasFONTE: G1 Globo