Mãe com diabetes dá à luz bebê com 5,5kg em MG; entenda relação da doença com nascimento de crianças ‘gigantes’

26 maio 2023
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Kauã Costa Carvalho nasceu no dia 16 de maio, pesando 5,525 kg. Segundo as obstetras Lahra Ottoni e Natália Sales Botega, a condição é comum em gestantes com diabetes. Mãe com diabetes dá à luz bebê com 5,5kg em MG

Santa Casa de Poços de Caldas

Há pouco mais de uma semana, nascia o Kauã. A mãe, que é técnica de enfermagem e moradora de Poços de Caldas (MG), se preparou para parir uma criança com cerca de 3,8kg, mas foi surpreendida com um bebê pesando mais de 5,5 kg.

O motivo da “macrossomia fetal” seria a diabete descoberta durante a gestação. Segundo as obstetras Lahra Ottoni e Natália Sales Botega, a condição é comum em gestantes com diabetes prévia ou gestacional que tiveram dificuldades em controlar a doença (entenda abaixo).

“Foi um susto”, relembrou Sara Daniela Costa, de 40 anos, mãe do bebê.

Kauã Costa Carvalho nasceu no dia 16 de maio, pesando 5,525 kg, um dos maiores bebês já nascidos na Santa Casa de Poços de Caldas. Sara, que já era mãe de um casal de 22 e 20 anos, sonhava em ser mãe novamente, mas não havia planejado engravidar aos 40 anos.

Foi só depois de algumas semanas de gravidez que a técnica de enfermagem descobriu ter desenvolvido a doença. Antes de engravidar, ela havia feito exames periódicos pedido pelo laboratório onde trabalha, mas não havia sinais da doença. Já grávida, o resultado de diabetes veio depois do segundo exame pedido pela médica que acompanhava a gestação.

“Eu fiz os exames no começo de outubro e aí já deram sinais de diabetes. Mas, até então, minha obstetra falou para investigar melhor porque às vezes foi alguma coisa que eu comi, eu estava comendo demais e a glicemia alterou. Ela pediu outros exames que confirmaram um sinal de pré-diabetes”.

Mãe com diabetes dá à luz bebê com 5,5kg; entenda relação da doença com nascimento de crianças 'gigantes'

Arquivo pessoal

De lá, ela já foi encaminhada para um endocrinologista, que a acompanhou ao longo de toda a gestação. Durante as 30 primeiras semanas, Sara conseguiu controlar a doença com dieta. Mas, depois disso, ela teve que partir para a insulina.

Durante toda a gravidez, Sara sabia que teria um bebê grande. Os outros dois filhos nasceram com 3,8 kg e o último ultrassom indicava que a criança viria ao mundo com cerca de 4 kg. Mas, ela foi surpreendida com a notícia de que o filho nasceu com mais de 5,5 kg. O parto cesária foi realizado com 39 semanas de gestação.

“A doutora brincou e falou: ‘vai ser uns 4,5 kg’. Aí ela voltou e falou: ‘não mãe, ele tem 5,525 kg. Meu Deus do céu, eu levei um susto. Mas depois acalmei porque estava tudo bem, mesmo com o tamanho”.

Pais de Kauã com a obstetra Lahra Ottoni

Santa Casa de Poços de Caldas

“O último ultrassom dela era com 36 semanas e resolvemos a gestação com 39 semanas. Não era esperado que o bebê estivesse com esse peso. A cesárea em si não foi muito diferente das demais. Apenas na extração do bebê que foi um pouco mais difícil”, relembrou a obstetra que fez o parto, doutora Lahra Ottoni.

Qual é a relação entre diabetes e bebês gigantes?

O g1 conversou com duas médicas obstetras para entender a relação entre diabetes e bebês gigantes, a doutora Lahra Ottoni, que fez o parto da Sara, e Natália Natália Sales Botega, de Lavras (MG).

Ambas explicaram que uma das principais causas de bebês macrossômicos, como são chamadas na medicina as crianças nascidas com mais de 4,5 kg, é o diabetes, seja ele gestacional ou prévio.

“O excesso de açúcar vai ser passado para o bebê através da placenta. E isso repercute no aumento do ganho de peso. Tanto o açúcar em si, como os carboidratos que se transformam em açúcar também”, explicou Natália.

Kauã nasceu com pouco mais de 5,5 kg na Santa Casa de Poços de Caldas

Arquivo pessoal

Ainda de acordo com a obstetra, não são todas as gestantes diabéticas que terão filhos “gigantes”. Isso costuma acontecer em mulheres que não conseguiram controlar corretamente a diabetes durante a gestação.

“Em pacientes que tem diabetes durante a gestação é necessário a realização de um controle glicêmico. Caso esteja descontrolado, precisa avaliar a necessidade de uso de insulina e o ajuste dela ao longo da gestação. Geralmente são pacientes que têm mal controle do peso que apresentam bebês grandes assim. Não é uma boa causa”, explicou Lahra.

No caso do bebê Kauã, a doutora Lahra explicou que o controle glicêmico da mãe estava bom e ela também fazia o uso de insulina. Por isso, não era esperado uma criança tão grande.

“Ela fez o ultrassom com 36 semanas e estava com 3,6 kg, por isso não esperávamos esse peso todo, porque ela vinha mostrando um bom controle, a cardiotocografia estava boa. Por isso, quando nasceu, todo mundo assustou e ninguém acreditou no peso”, relatou a médica.

Obstetra Lahra Ottoni fez o parto do bebê de 5,5 kg em Poços Caldas

Santa Casa de Poços de Caldas

Diabetes prévia x diabetes gestacional

Há dois tipos de diabetes prévias, o tipo 1 e o tipo 2. A diferença é que, no primeiro caso, ocorre redução ou falta de produção de insulina; já no segundo, o organismo desenvolve uma resistência à ação desse hormônio.

“Quando essa pessoa engravida, ela tem até mais chance de precisar de uma insulina. Às vezes ela até já usa uma insulina, mas ainda tem que aumentar a dose na gestação”, explicou Natália.

Já no caso da diabetes gestacional, a mulher desenvolve a doença durante a gravidez. Logo no primeiro exame de glicemia a curva fica acima de 92.

“Os hormônios da gravidez, o ganho de peso excessivo, geralmente mães que engordam muito no pré-natal desenvolvem um diabetes gestacional. Mulheres que não controlam bem a alimentação, que abusam do excesso de carboidrato, de açúcar, acabam desenvolvendo aí um diabetes gestacional”.

Em alguns casos, a diabetes gestacional “some” com o fim da gravidez; já em outros ela continua mesmo após o parto. Sara ainda não sabe se ela terá que continuar tratando ou não da doença. Ela aguarda os próximos exames para confirmar.

Os riscos

A médica Natália Sales explicou que, entre os riscos, está o fato do bebê desenvolver diabetes, assim como a mãe. Após o parto, ele tem que passar por um controle glicêmico para evitar crises de hipoglicemia, uma vez que estava acostumado com excesso de açúcar na circulação.

Sara contou que a glicemia do Kauã caiu no primeiro dia, mas, depois disso, o fato não voltou a acontecer. O filho dela é um bebezão saudável.

“Eu ainda vou passar com a pediatra, mas a médica de plantão da Santa Casa disse que não tinha risco nenhum. A gente tem que ter cuidado depois, né? Conforme for crescendo, cuidando com a alimentação. Mas ela falou que, por enquanto, não tinha risco de ter diabetes não”, disse Sara.

Mãe com diabetes dá à luz bebê com 5,5kg; entenda relação da doença com nascimento de crianças 'gigantes'

Arquivo pessoal

Mas, os riscos podem ser ainda maiores em alguns casos. A diabetes, quando não é controlada, pode levar à morte do feto.

“Porque o açúcar, ele compete com o oxigênio na placenta e o bebê sem oxigênio não sobrevive. Então ali pode ter tanto açúcar que vai levar ele a óbito”, explicou Natália.

Como cuidar de um bebê tão grande?

Segundo a obstetra, com um bebê tão grande, a mãe pode ajudar principalmente com a alimentação.

“Ela tem que fazer o controle glicêmico, voltar na consulta dela de pós-parto com a ginecologista, procurar um endocrinologista pra fazer um acompanhamento, ver se tem necessidade de manter o uso de insulina ou não, se vai ficar só o controle com dieta e controlar essa dose, fazer essas correções”.

“E o que ela pode fazer é manter os cuidados mesmo com a alimentação, não fazer o consumo de carboidratos, gorduras, açúcares, tentar ter uma alimentação equilibrada, porque a alimentação dela vai passar pra criança pelo leite”, finalizou.

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FONTE: G1 Globo


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