Transformando dor em esperança: após morte de filha, mãe cria instituto para cuidados paliativos de pacientes com doenças crônicas
Fique por dentro de todas as notícias pelo nosso grupo do WhatsApp!

Instituto "Sobre Viver" foi criado por Valquíria Santos em Divinópolis com o intuito de oferecer apoio, convívio social e auxílio no tratamento de pacientes com doenças como o câncer. Laura Vitória e Valquíria Santos
Valquíria Santos/Arquivo Pessoal Valquíria Santos, de Divinópolis, é protagonista de uma história que transformou dor em esperança aos pacientes com doenças crônicas e raras. Há cinco meses, ela perdeu a filha Laura Vitória, de 19 anos, após enfrentarem juntas a batalha de uma década contra três tipos diferentes de câncer. Com a partida da filha, mesmo com o coração em pedaços, Valquíria criou o Instituto "Sobre Viver", espaço de acolhimento, apoio e cuidados paliativos a doentes crônicos no Bairro Espírito Santo, em Divinópolis. Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Telegram Batalha de uma década A batalha de Laura pela vida começou cedo. Ainda criança, aos 11 anos, ela foi diagnosticada com um câncer hepático, com a presença de tumores no fígado. Diante do diagnóstico, Valquíria buscou tratamento oncológico para a filha e a doença então foi curada, seguindo protocolos de medicação, radioterapia e quimioterapia. Um processo longo que só fez fortalecer ainda mais o laço entre as duas. "Mesmo na condição em que Laura viveu, com a descoberta precoce de um câncer ainda na infância, eu jamais a vi reclamar. Ela se quer murmurava e aceitava todo e qualquer tratamento, sempre com muita confiança e resiliência", contou Valquíria. Com um otimismo que era típico da personalidade de Laura, a família seguiu em constante monitoramento para que não houvesse reincidência do câncer hepático. E ele não rescindiu. Laura Vitória enfrentou três tipos diferentes de câncer em 10 anos Valquíria Santos/Divulgação No entanto, em 2020, no ano em que teve início a pandemia de Covid-19, Laura teve uma convulsão que a levou direto ao hospital. Após investigação, mãe e filha tiveram o pior diagnóstico possível: um câncer que a medicina desconhece a cura, o glioblastoma multiforme grau 4. "Eu não consigo descrever o baque que foi recebermos esse diagnóstico. O que eu sei, foi que nunca desanimamos", disse. A batalha prosseguiu com todos os tratamentos possíveis dentro da medicina e com fé inabalável. "Nunca baixamos a guarda. Sempre estive em busca do que pudesse prolongar a vida da Laura e nesse período tentei, inclusive, uma vacina em fase de teste no exterior, que poderia ser a cura do gliobastoma, mas não houve tempo hábil", disse. Em tratamento paliativo do câncer sem cura, veio mais um diagnóstico. Em novembro de 2022, um tumor no colo retal, que assim como as outras doenças começou a ser tratado até que não foi possível. A luta constante acabou em março de 2023, em uma internação que já durava meses. "Minha filha partiu comigo ali, de olhos vidrados na sua respiração, ouvido atento às batidas do coração e sempre alerta à pulsação que gradativamente caía. Meus joelhos que muito se dobraram para pedir a Deus que a desse mais tempo, passaram a rogar para que ele abreviasse seus dias e a levasse de volta". Laura faleceu na noite do 5 de março e ali teve fim uma batalha pessoal contra o câncer, mas que há tempos faz parte do propósito e do legado de vida da Valquíria. "Laura foi a personificação da resiliência. Enfrentou de forma corajosa e sempre com sorriso no rosto, a batalha pela vida. A Deus toda minha gratidão. Por tudo. Eu não mudaria uma vírgula de lugar. A Laurinha voou e foi os braços do Pai". "Eu, que ao longo de 10 anos estive na linha de frente da batalha contra o câncer encontrei pessoas com lutas igualmente duras, as quais sempre fiz questão de ajudar. Laura foi minha musa inspiradora para a criação do Instituo Sobre Viver , que nada mais é do que um espaço criado para pessoas que enfrentam batalhas semelhantes às nossas", completou.FONTE: G1 Globo