Álbum ‘Casa Ramil’ é alicerçado ao amenizar diferenças estilísticas do clã musical gaúcho
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Gutcha, Ian, João, Kledir, Kleiton, Thiago e Vitor Ramil se irmanam em disco ao vivo que abriga 50 anos de pop do sul do Brasil. Família Ramil lança 'Casa Ramil' disco ao vivo captado em show feito pelo clã em março de 2018 em Porto Alegre (RS)
Marcelo Soares / Divulgação Capa do álbum 'Casa Ramil ao vivo' Divulgação Resenha de álbum Título: Casa Ramil ao vivo Artistas: Gutcha Ramil, Ian Ramil, João Ramil, Kledir Ramil, Kleiton Ramil, Thiago Ramil e Vitor Ramil Edição: Biscoito Fino Cotação: ★ ★ ★ ★ ♪ O álbum Casa Ramil ao vivo abriga mais de 50 anos de música se for levado em conta que, em 1971, os irmãos Kleiton Ramil e Kledir Ramil já aglutinavam amigos em cantoria que, a partir de 1975, geraria oficialmente o grupo Almôndegas, pioneiro na criação de pop gaúcho que combinava referências dos sons tradicionais do sul do Brasil com rock e outros ritmos do universo pop. Dissolvido o grupo em 1979, Kleiton & Kledir formaram dupla que amplificaram o pop gaúcho para o Brasil na primeira metade dos anos 1980 enquanto o irmão Vitor Ramil pavimentava paralelamente carreira solo calcada em incursão refinada pelas milongas e por cancioneiro mais cool com estilo batizado pelo próprio Vitor de A estética do frio. Registro do show coletivo do clã de Pelotas (RS), em encontro cênico idealizado pela produtora Branca Ramil – irmã de Kleiton, Kledir e Vitor – e captado em março de 2018 na apresentação feita pela família no Theatro São Pedro, em Porto Alegre (RS), o álbum Casa Ramil ao vivo irmana o trio de cantores com a segunda geração musical dos Ramil. Com o trio famoso, entram em cena Gutcha Ramil (voz, percussão, rabeca e harmonium), Ian Ramil (voz, violão de aço, sax, percussão, monotrom e harmonium), João Ramil (voz, percussão e baixo) e Thiago Ramil (voz, baixo, violão de aço, guitarra, controladora midi e efeitos eletrônicos), cantores e compositores que transitam por universos musicais mais contemporâneos, antenados com a estética musical do século XXI, com boa dose de experimentação no caso específico de Ian, saudado por álbuns como Derivacivilização (2015) e o recente Tetein (2023). O mérito do show é jamais submeter a segunda geração ao cancioneiro dos antecessores mais conhecidos. Em bom português, o álbum Casa Ramil ao vivo foge da armadilha de ser coletânea de sucessos de Kleiton & Kledir ou de Vitor Ramil (voz, violão de aço, viola, sax, percussão, harmonium e controladora midi). Nas 12 músicas alocadas nas 15 faixas do disco (o repertório é entrecortado por benzedura da avó Branca Pons Ramil e por falas de Kleber Pons Ramil e Dalva Alves Ramil, representantes mais antigos da família), há amostras das obras de todos, mas sem individualismos. Tanto que o sucesso seminal de Vitor, Estrela, estrela (1981), se ilumina com o canto coletivo da família. Em outro momento de interação entre gerações, João Ramil faz a voz solo de Vira virou (Kleiton Ramil, 1980). Entre as boas-vindas dadas com a música inédita que abre e batiza o show / disco, Casa Ramil (Vitor Ramil), e a melancolia da milonga Deixando o pago (Vitor Ramil sobre poema de João da Cunha Vargas, 1997), que arremata o disco com cada membro da família entoando um verso, o clã se une para fazer a festa gaúcha em Noite de São João (Kledir Ramil e Pery Souza, 1981) e para refazer o perfil de Kleiton & Kledir em Autorretrato (Kleiton Ramil e Kledir Ramil, 2009). Nesse espírito de congraçamento que rege o disco, talvez passe despercebido o requinte de que o registro vocal mais grave da abordagem da canção Amora (Thiago Ramil, 2015) cai justamente no verso “Sou profundo no mundo, pulso a gravidade”. Irmanado em cena e também fora dela (são sete integrantes da família no palco e outros quatro em ação nos bastidores do show), o clã Ramil ameniza diferenças estilísticas em nome de união que alicerça Casa Ramil. Família Ramil se harmoniza em cena no show que roda o Brasil desde 2018 e que, cinco anos depois, gera disco ao vivo Karine Vianna / DivulgaçãoFONTE: G1 Globo