Blink-182 pensa na vida e nas idas e vindas de Tom DeLonge em ‘One more time’, 1º disco após volta do cantor

20 out 2023
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Vocalista e guitarrista grava primeiro álbum com formação clássica do trio em 12 anos. Em seu nono disco de estúdio, grupo canta sobre câncer de Mark Hoppus e visita suas fases punk e emo pop. Com 21 anos de existência, o Blink-182 chega ao seu nono disco de estúdio – e o primeiro com o guitarrista e vocalista Tom DeLonge em 12 anos – com uma reflexão sobre os relacionamentos entre seus membros, as idas e vindas de Tom e a depressão e o câncer do outro vocalista, e baixista, Mark Hoppus.

Lançado nesta sexta-feira (20), "One more time…" deve ser um gosto adquirido para os fãs antigos do trio californiano. Com temas mais pesados e maduros, adota um pouco do tom mais taciturno dos últimos álbuns, mas também olha para o humor e a rapidez do som de sua fase pop-punk.

A primeira ouvida deixa a impressão de uma obra deslocada, meio fora do tempo. Com músicas mais rápidas e gritadas no começo, quem não estiver prestando muita atenção vai sentir um clima meio tiozão querendo ser jovem (no estilo do meme de Steve Buscemi com skate nas costas tentando se passar por um colegial).

Com tempo, no entanto, mostra uma maturidade psicológica e, principalmente, musical. As piadinhas ainda aparecem, mas vale lembrar que a maior parte dos fãs, adolescente nos anos 2000, envelheceu junto do grupo.

"Anthem part 3" abre o disco como uma referência óbvia a "Anthem part two", de "Take off your pants and jacket" (2001), época em que a banda curtia o ápice de seu sucesso.

A pegada pop-punk acelerada provoca um déjà vu auditivo, por mais que a música não consiga os mesmos acordes memoráveis de sua antecessora.

Capa de 'One more time...', novo disco do Blink-182

Divulgação

Ela é seguida por "Dance with me", a maior reflexão do espírito adolescente brincalhão do auge do trio e um refrão horrível com potencial de virar o favorito dos fãs – quem não ficar com "olé olé olé olé" na cabeça depois de ouvir pela segunda vez deve verificar os próprios batimentos cardíacos.

"Fell in love", com uma letra que soa como a memória de um amor pós-adolescente ("Lembra da vez em que nos apaixonamos? Lembra daquela noite em que você veio para cá?"), começa a evolução para a fase mais melódica – para não dizer "emo" –, de "Blink-182", (2003).

Apropriado, se considerar a referência a "Close to me", do The Cure, uma das maiores influências do grupo.

O disco cresce aos poucos. É como se os integrantes passassem a olhar menos para o que foram como banda até os anos 2000 e mais para suas vidas recentes – a essa altura nas imediações dos 50 anos de idade.

A música que dá nome ao disco é a grande reflexão sobre os relacionamentos dos três, desde a amizade até as vezes em que Tom deixou a banda – e depois voltou, seja pelo acidente de avião do baterista, Tom Barker, ou pela doença de Hoppus ("Gostaria que nos contassem que não deveria precisar de uma doença / ou de aviões caindo do céu").

A canção, o grande centro emocional do disco, encontra espaço até para recuperar "I miss you", talvez o maior sucesso comercial do trio (e também o mais emotivo).

Depois disso, o álbum flutua com uma certa habilidade, e sem grandes traumas, pelas principais grandes faces do Blink – às vezes, volta a flertar com o punk ligeiro californiano.

Na maior parte do tempo, no entanto, reflete sobre mortalidade e outras coisas que habitam muito a mente de caras nessa idade. Em especial depois de 2021, quando Mark Hoppus se livrou do câncer – a principal motivação para o retorno de Tom.

Travis Barker, Tom DeLonge e Mark Hoppus em imagem de divulgação do Blink-182

Divulgação

Até o fim, o trio parece discutir essa dinâmica com alguns poucos intervalos. "Edging" devolve o trio a suas origens e ainda faz referência a canção do Angels & Airwaves, banda formada pelo guitarrista depois de sua primeira saída, em 2005.

O álbum segue sem grandes destaques até o final, quando surpreende em dois momentos. "Turpentine" adota uma sonoridade que une bem os gritos do punk com uma pegada emocional. Em muitos momentos, há ecos de um Linkin Park menos eletrônico.

"Childhood" encerra o disco com o vislumbre de um possível novo caminho para o Blink. Um ritmo diferente de praticamente tudo o que o trio já fez – um rock pop/quase eletrônico no estilo Gorillaz, com distorções de voz. Pelo menos até o refrão, na qual um lado melódico assume – mais Radiohead do que Cure.

Se esse é realmente o futuro do trio, os fãs precisarão esperar. Até lá, pelo menos, há o conforto que o cancelamento do show no Brasil em 2023 não foi de todo ruim. Em 2024, o grupo vai poder apresentar pessoalmente esse novo e bom disco.


FONTE: G1 Globo


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