Chico Buarque depura drama de ‘O meu guri’ ao reavivar o samba com coro do público em gravação ao vivo

19 out 2023
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Single é a amostra inicial do registro do último show do artista, captado em fevereiro no Rio de Janeiro para álbum agendado para 24 de novembro. Capa do single 'O meu guri', de Chico Buarque

Leo Aversa

Resenha de single

Título: O meu guri

Artista: Chico Buarque

Edição: Biscoito Fino

Cotação: ★ ★ ★ ★

♪ Samba de Chico Buarque apresentado em disco na voz de Cristina Buarque, em gravação feita pela irmã do artista há 42 anos para o álbum Cristina (1981) e lançada antes do registro fonográfico feito pelo compositor no mesmo ano para o álbum Almanaque (1981), O meu guri alcançou as mais altas esferas na voz de Elza Soares (1930 – 2022).

Voz vinda do morro, criada na mesma realidade social da mãe perfilada por Chico nos versos do samba, Elza expôs em canto dramático toda a dor dessa mãe (in)consciente dos caminhos seguidos pelo filho que ela perde para o crime. Outras cantoras associadas ao samba – como Beth Carvalho (1946 – 2019), Fabiana Cozza e Teresa Cristina – também encararam essa dor materna em gravações honrosas.

Ao reavivar O meu guri em single captado no registro audiovisual da turnê do show Que tal um samba?, em gravação feita em 3 e 4 de fevereiro para álbum ao vivo programado para 24 de novembro pela gravadora Biscoito Fino, Chico expurga o drama do samba. Se há algum resquício de dor, ele vem do coro das vozes de Bia Paes Leme e Mônica Salmaso no desenlace da narrativa da letra.

Bem mixada e masterizada por Lucas Ariel, a gravação ao vivo de O meu guri é adornada pelo coro festivo do público que encheu a pista da casa Vivo Rio nos dois dias de gravação do show na cidade do Rio de Janeiro (RJ), captado em ambiente distinto das demais apresentações, feitas com o público acomodado em mesas.

Escolha surpreendente do roteiro, mas plenamente justificada pelo fato de Chico nunca ter regravado o samba, O meu guri chega amanhã, 20 de outubro, em single que anuncia o álbum ao vivo previsto para ser lançado (também) em CD duplo e que evidencia o apuro do arranjo do violonista Luiz Claudio Ramos.

Nome fundamental na discografia de Chico Buarque nos últimos 30 anos, Ramos é o arranjador e violonista da banda formada por Bia Paes Leme (teclados e vocal), Chico Batera (percussão), João Rebouças (piano e cavaquinho), Jorge Helder (Contrabaixo), Jurim Moreira (bateria) e Marcelo Bernardes (flauta e sax) para acompanhar a chefia – termo carinhoso com que o baterista Wilson das Neves (1936 – 2017) se referia a Chico – no show Que tal um samba? em turnê dividida pelo cantor com Mônica Salmaso.

Esse time de virtuoses garante o requinte com que Chico Buarque reaviva O meu guri em depurado registro ao vivo.


FONTE: G1 Globo


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