Crimes de ódio na internet crescem até 650% em ano eleitoral
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Número total de denúncias avançou 67,5% no primeiro semestre de 2022, segundo a Safernet; casos de intolerância religiosa foram os que mais aumentaram no período. Denúncias de crimes de ódio na internet aumentam no período eleitoral, aponta pesquisa
As denúncias de crimes que envolvem discurso de ódio na internet cresceram 67,5% no primeiro semestre de 2022 na comparação com o mesmo período do ano passado. Foram quase 24 mil casos recebidos pela Safernet, ONG de proteção dos Direitos Humanos no ambiente digital. Os discursos de intolerância religiosa foram os que mais cresceram no intervalo: 654%, com 2.813 denúncias. Depois, apareceram a xenofobia, com aumento de 520% no volume de registros, e o neonazismo, que avançou 120%. WhatsApp vai deixar você esconder que está 'online'; veja como fazer 'Foto Random': como fazer a colagem que é febre no Instagram e no TikTok A plataforma também observou crescimento nos casos de apologia a crimes contra a vida, LGBTfobia e racismo. O discurso mais denunciado foi o de misoginia, que é a aversão a mulheres, com 7 mil casos nos seis primeiros meses do ano. O discurso de ódio compreende textos e imagens que incitem a discriminação ou a violência contra indivíduos ou grupos por motivos como cor, raça, religião, descendência ou origem, gênero e orientação sexual. “São conteúdos que, de um modo geral, as pessoas encaram como uma mera opinião, não percebem que é um crime grave e que violam a dignidade de determinadas pessoas ou grupos, e que, portanto, devem ser responsabilizados”, diz Juliana Cunha, diretora na Safernet. Como ver apenas quem você segue no Instagram? E como evitar certas pessoas sem bloqueá-las? Polícia Federal em PE alerta para golpe em que vítima vê conta bancária sendo 'esvaziada'; saiba como se proteger Segundo ela, o discurso de ódio na internet deve se intensificar com a aproximação das eleições, assim como aconteceu nos pleitos de 2018 e 2020, especialmente diante da polarização política. “As eleições funcionam como um gatilho para amplificar esse tipo de conteúdo”, afirma. Cunha ressalta a importância da moderação conjunta entre inteligência artificial e análise humana para identificar as nuances das manifestações nas redes sociais, além das denúncias feitas pelos usuários. “Temos uma série de marcos legais, nacionais e internacionais, em relação a esses crimes. Tem a lei antirracismo, que prevê também o crime de xenofobia, que é quando você discrimina alguém por procedência nacional. Mais recentemente, o próprio Supremo reconheceu que a LGBTfobia também pode ser tipificada por esta mesma lei”, diz. Lola Aronovich, professora da Universidade Federal do Ceará e blogueira feminista, recebe ameaças pela internet há mais de 10 anos. Ela diz que as mensagens chegam principalmente por e-mail e por comentários em seu blog -- a maioria de forma anônima, o que dificulta a identificação do agressor. "Você receber um email dizendo 'eu sei que você mora na rua tal, eu sei onde sua filha estuda, onde sua mãe mora', com todos os endereços corretos e 'vou matar e estuprar todos vocês', assusta muito. É isso que eles fazem, que esses grupos misóginos fazem com muita regularidade", diz Aronovich. Ela dá nome a uma lei sancionada em 2018 que atribui à Polícia Federal a investigação de crimes contra mulheres na internet. "Não pode ser aceitável que mulheres em geral sejam perseguidas, ameaçadas, atacadas. E, ainda mais, a violência política de gênero contra mulheres eleitas. Isso não é aceitável em uma democracia", diz. Como denunciar discursos de ódio na internet As denúncias podem ser feitas na Central Nacional de Denúncias de Violações contra Direitos Humanos da Safernet (denuncie.org.br.) de forma anônima. É necessário enviar o link da página ou aplicativo onde ocorreu a possível infração com uma descrição do caso. As denúncias são enviadas pela plataforma ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal. Veja webstories Initial plugin text Initial plugin textFONTE: G1 Globo