Criolo quer projeto com Xande dos Pilares e promete show ‘pauleira’ com Planet Hemp no The Town
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Sucessos de Criolo e Planet Hemp, assim como manifestações políticas, estarão na apresentação dos artistas no festival. Planet Hemp com Criolo em 'Distopia'
Bel Gandolfo / Divulgação Com as mãos chifradas e a cabeça balançando, Criolo dá a entender que sua apresentação no The Town vai ser pauleira. "Você sabe como é o Planet Hemp", ele diz, rindo, em referência aos músicos que estarão ao seu lado, no show, que acontece no dia 2 de setembro, no palco The One. "É um show com o Planet, não com o Marcelo [D2, vocalista da banda], e eles são isso daqui ó", enfatiza, movendo de um lado para o outro a câmera que usa para a videochamada desta entrevista. É a primeira vez que Criolo e Planet Hemp fazem um show juntos. Eles até chegaram a dividir palco — no Prêmio Multishow, de 2022 —, mas apenas para apresentar "Distopia". TUDO SOBRE O THE TOWN: Como chegar, baixar ingresso e o que mais você precisa saber para ir ao festival A colheita Lançada no ano passado, a faixa foi a primeira parceria entre os músicos. Sua letra faz críticas sociais e seu arranjo tem a veia roqueirona do Planet Hemp, com guitarra rasgada e bateria acelerada. Também passa pelo rap, estilo bastante explorado tanto pela banda quanto pelo cantor. "O Marcelo [D2] me ligou para falar: 'meu amigo, tem uma música que pensei muito em você, será que pode dar um pulinho aqui, no estúdio?'", conta Criolo sobre o nascimento do feat. "Que simplicidade a dele. Me convidar para uma coisa tão grandiosa como essa." "Distopia" faz parte de "Jardineiros", álbum do Planet Hemp que quebrou um hiato de 22 anos do grupo e, neste mês, ganhou uma edição ampliada, com sete faixas novas. Juntos, os artistas devem levar ao The Town simbolismos ativistas, o que já é tradição em shows de ambos. Não será surpresa, por exemplo, se aparecer por lá a atual discussão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre usuários de maconha, droga que inspira várias das batidas brisadas e letras debochadas do Planet Hemp. Quanto à setlist da apresentação, a energia prevalente deve ser a mesma entoada por "Distopia". Vai dar para dançar os gestos pauleira performados por Criolo. Show na terra do teste Além de ser uma das atrações do festival, o cantor é compositor de “Arte do Encontro”, a música-manifesto do The Town. A canção é voltada à temática do evento, que celebra a capital paulista, desde a decoração dos palcos até a programação, na qual estão incluídas festas tradicionais da cidade. Pintando São Paulo como "a terra do teste", Criolo praticamente se debruçou numa metalinguagem para a composição. É quase impossível ouvir a música e não lembrar da mesma voz cantarolando os versos críticos de "Não Existe Amor em SP", um dos maiores sucessos do músico. Mas em “Arte do Encontro”, o olhar desiludido sobre a capital é mais sutil. O foco é enaltecer a arte como uma possível solução às rusgas urbanas da cidade. Criolo em 'Sobre Viver' Divulgação "São Paulo dói muito, mas, ao mesmo tempo, as pessoas que aqui estão criam milagres cotidianos para abrir sorrisos", afirma Criolo. Fazer da música uma heroína para problemas profundos é uma ideia que Criolo também trouxe em "Diário do Kaos", faixa de seu último disco, "Sobre Viver". Diário do Kaos Também lançado no ano passado, o álbum marcou o retorno de Criolo ao rap, após oito anos dedicados ao samba e à MPB. Tem letras de revolta e gira ao redor do luto do cantor, que perdeu a irmã, Cleane Gomes, em 2021, numa morte por Covid-19. Ele diz estar melhor emocionalmente, mas não alheio ao sofrimento que inspirou o disco. "Isso tudo foi ontem. Para quem perdeu um ente querido, a Covid não vai acabar nunca." "Mas a pandemia serviu para mostrar a falta de suporte que nosso povo tem." No mesmo território Mesmo que o lançamento de "Sobre Viver" tenha sido "ontem", como o próprio Criolo diz, o músico sinaliza já estar pensando nas próximas fases de sua carreira. "Faz tempo que não lanço um disco de samba. E sou completamente apaixonado por samba." Seu último álbum do gênero foi "Espiral de Ilusão", de 2017. "O D2 acabou de lançar um disco [de samba] maluco, incrível, cabuloso", afirma Criolo. "Outra pessoa assim é Xande dos Pilares. Ave Maria. Quem sabe um dia não seja nós três, cantando três tipos de som diferentes e celebrando a beleza do samba? Vamos jogar [a ideia] para o universo." O cantor diz que, assim como ele e D2, muitos rappers trabalham com samba e vice-versa porque esses são estilos que convergem em referências. "Eu cresci em favela. Então, nada mais natural do que estar no samba. O rap que veio depois", afirma o artista, enfatizando que a paixão pelos gêneros está atrelada "ao território que você cresce, habita e escolhe". O mesmo aconteceria, por exemplo, com o funk e o trap, gêneros que nos últimos anos têm se aproximado. Para Criolo, essa é mais uma fusão que nasce "da força da música periférica brasileira". Banda dos sonhos do The Town: monte seu supergrupo com as principais atrações do festivalFONTE: G1 Globo