Daniela Mercury tem razão ao defender blocos afro nos concursos de músicas do Carnaval da Bahia
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Daniela Mercury em show no 'Festival Virada Salvador', em 1º de janeiro de 2024
Célia Santos / Divulgação “Eu quero saber quando um bloco afro ganhou a música do carnaval nessa cidade preta? Nunca ganhou porque nunca concorre. Não quero minha música concorrendo à música do Carnaval esse ano enquanto as músicas dos blocos afro não estiverem igualmente selecionadas para competir. O canto dessa cidade é deles. Feliz ano novo. Axé!” Daniela Mercury ♪ ANÁLISE – Daniela Mercury tenta criar a primeira treta de 2024 na música brasileira. Mas com razão. Ao se apresentar ontem, 1º de janeiro, no último dia do Festival Virada Salvador, com show na arena batizada com o nome da artista baiana, a cantora discursou no palco em favor dos blocos afro da capital da Bahia. A reivindicação é justa. Celeiros da música afro-baiana rotulada como axé music na segunda metade da década de 1980, blocos como Ilê Aiyê e Olodum foram sendo progressivamente minimizados pelo esquema industrial que comanda o Carnaval de Salvador (BA). Os blocos resistem, como redutos da ancestralidade africana e como polos de resistência do povo negro da Bahia preta. Mas já não ocupam o centro das atenções e estão distantes do mainstream, sem a exposição merecida. O que é injusto pela imensa contribuição que deram e dão ao Carnaval de Salvador (BA). Basta dizer que foi o Olodum – bloco afro-baiano criado em abril de 1979 no Centro Histórico de Salvador (BA), dentro do Pelourinho – quem legou ao Brasil (e ao mundo) a batida do samba-reggae, de criação creditada a Antônio Luís Alves de Souza (1955 – 2009), músico soteropolitano conhecido pelo nome artístico de Neguinho do Samba. O bloco Olodum gerou grupo musical que debutou no mercado fonográfico em 1987. O repertório desse grupo ajudou a turbinar a discografia de muitas bandas e cantoras da Bahia, assim como os cancioneiros do Ilê Aiyê e do Muzenza do Reggae. Por mais que soe midiática, a declaração pública de Daniela Mercury ecoa e faz sentido. O canto da cidade de Salvador (BA) também é (muito) deles, os blocos como Olodum e Ilê Aiyê, bases mais sólidas do afro-pop-baiano.FONTE: G1 Globo