Diogo Nogueira exalta o espírito gregário do samba no bom álbum ‘Sagrado’
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No fecho do disco, o cantor carioca faz dueto virtual com o pai, João Nogueira, bamba revelado nos anos 1970. Diogo Nogueira canta oito sambas no álbum 'Sagrado', um dos títulos mais relevantes da discografia do artista carioca
Leo Aversa / Divulgação Capa do álbum 'Sagrado', de Diogo Nogueira Capa de Emílio Rangel Resenha de álbum Título: Sagrado Artista: Diogo Nogueira Edição: Edição independente de Diogo Nogueira / Altafonte (distribuição) Cotação: ★ ★ ★ 1/2 ♪ A discografia de Diogo Nogueira alterna álbuns de real relevância artística – como Bossa negra (2014), disco assinado com Hamilton de Holanda, e MunduÊ (2017) – com títulos idealizados para cumprir as expectativas empresariais dos gestores da carreira do artista carioca. Sagrado – álbum lançado por Diogo sem aviso prévio na sexta-feira, 1º de dezembro – se enquadra no time das produções relevantes do cantor e compositor. Sagrado é o samba na visão dos compositores que assinam as oito músicas que compõem o repertório inédito do disco. “Pelas oito faixas do álbum, circulam heranças dos batuques ancestrais que, saídos das praias africanas, se redefinem nos terreiros, esquinas, morros e calçadas do Brasil para celebrar a vida como experiência de alegria e liberdade”, sintetiza com maestria o escritor e compositor Luiz Antonio Simas no texto em que apresenta o disco. O grande momento do álbum Sagrado é A boa do samba (Coisa boa), composição empolgante de Junior Dom, Daniel de Oliveira e Alexandre Chacrinha que celebra o poder gregário do samba na mesma linha seguida com menor inspiração por Rodrigo Leite e Cauique ao criar No som da vizinhança. Mas tudo começa na África e, por isso, o disco inicia com Herança nacional (Quero ver geral), samba de Junior Dom que evoca o batuque ancestral e revolve o chão dos terreiros onde o samba se assentou no Brasil. Samba sereno, quase dolente, Ciência da paz (Thiago da Serrinha) clama pela tolerância religiosa e pela liberdade de crença e culto. “Seu filho de conta não é da conta de ninguém”, prega Diogo Nogueira, que está cantando muito bem no disco, com emissão vocal límpida, reiterando a evolução já observada em discos anteriores. Em clima de paz, buscando o alto astral, Festa no gueto (Rafael Delgado, Caca Nunes e Carlinhos Moreno) retoma o espírito aglutinador do disco, fazendo a crônica dos pagodes que reúnem amigos em congraçamento festivo que serve como alívio para as dores do cotidiano. No mesmo clima, mas com toque mais romântico, Partideiro particular (Thiago da Serrinha) evoca os toques dos tambores do Candomblé e da Umbanda para propor festa a dois no terreiro. Já À moda antiga (Arlindinho, Marcelinho Moreira e Márcio Alexandre) desacelera o beat do samba e acentua o romantismo para exaltar o amor mais comprometido dos velhos tempos. No fecho do álbum Sagrado, Diogo reafirma o elo indestrutível com o pai, João Nogueira (12 de novembro de 1941 – 5 de junho de 2000), bamba carioca do samba dos anos 1970 e 1980 cuja voz abre a gravação de Meu samba anda por aí em registro caseiro. A voz de Diogo entra na sequência, revelando o samba inédito composto por João com Paulo Valdez. Enfim, Sagrado mostra o samba em movimento, passando de geração para geração, se purificando na fonte do gênero e também se misturando no tom comunitário que rege o bom álbum de Diogo Nogueira.FONTE: G1 Globo