Há 20 anos, Maria Rita irrompia como furacão na música brasileira com antológico primeiro álbum

09 set 2023
Fique por dentro de todas as notícias pelo nosso grupo do WhatsApp!

Lançado em 9 de setembro de 2003, o disco firmou Marcelo Camelo como compositor na MPB e revelou uma cantora que já nasceu grande. ♪ MEMÓRIA – Nascida em 9 de setembro de 1977, Maria Rita Camargo Mariano faz hoje 46 anos. Há exatos 20 anos, a cantora paulistana festejava o 26º aniversário com a edição do primeiro álbum, Maria Rita. Lançado com toda pompa pela gravadora Warner Music em 9 de setembro de 2003, o disco fez com que Maria Rita irrompesse na música brasileira com força de um furacão.

É fato que a cantora já tinha entrado em cena em 2002 com aparições em discos de Chico Pinheiro (Meia noite, meio dia) –guitarrista com quem Maria fizera os primeiros shows – e do padrinho artístico Milton Nascimento (o revigorante álbum Pietá).

Contudo, apesar de ter sido premiada como a “revelação musical” de 2002, foi somente com a edição de Maria Rita, álbum gravado com produção musical de Tom Capone (1966 – 2004), que o chamado grande público tomou conhecimento e consciência da existência de cantora igualmente grande que pareceu já ter nascido pronta.

Cantora que era filha da maior, Elis Regina (1945 – 1982), o que deixou a sensação de que, em requintada trama do destino, a vida amenizava um pouco a saudade que o Brasil sentia de Elis ao apresentar Maria Rita. Até porque, sem jamais ter soado como genoma nesse momento inicial, mas tampouco sem conseguir ofuscar o imperativo do D.N.A., Maria Rita ecoou Elis no primeiro álbum.

Sem falar que, em outro lance inusitado do destino, dois compositores apresentados no último álbum de Elis – Jean Garfunkel e Paulo Garfunkel – reapareceram no primeiro disco de Maria Rita como autores do jazzy blues Não vale a pena.

Outro detalhe curioso: uma das duas músicas alocadas como “faixas interativas” – termo atualmente risível, mas moderníssimo naqueles tempos em que a internet ainda tinha alcance limitado – era Vero, parceria de Murilo Antunes com Natan Marques, músico e compositor também presente no derradeiro LP de Elis.

Ao mesmo tempo em que se conectou intuitivamente com a mãe, Maria Rita começou a procurar a própria turma. Foi na voz dela que Marcelo Camelo se afirmou como compositor além do grupo Los Hermanos.

Recorrente no repertório do álbum Maria Rita como compositor de três das 15 músicas, Camelo forneceu as inéditas Santa chuva (balada densa e dramática) e Cara valente (samba leve, até hoje presente nos roteiros dos shows da cantora) e teve a canção Veja bem, meu bem (2001) regravada por Maria Rita dois anos após o registro fonográfico original da banda Los Hermanos em ação que popularizou a música entre o público da MPB.

Equilibrando o peso e a honra de ser filha de Elis, Maria Rita se impôs instantaneamente em cena com álbum coeso em que amaciou o peso roqueiro de Agora só falta você (Luiz Carlini e Rita Lee, 1995) – sucesso da fase Tutti Frutti da discografia de Rita Lee (1947 – 2023), de quem a cantora também regravou Pagu (2000), parceria de Rita com Zélia Duncan – e acentuou a sofrência sensual do bolero cubano Dos gardenias (Isolina Carrillo, 1947), cantado no original em espanhol.

Do México, veio como inspiração La bamba, tema folclórico que serviu de base para Milton Nascimento harmonizar A festa, música inédita dada pelo compositor a Maria Rita.

Entre regravações de Menina da lua (Renato Motha, 1992), de Menininha do portão (Paulinho Tapajós e Nonato Buzar, 1969) e da então recente Lavadeira do rio (Lenine e Bráulio Tavares, 2002), Maria Rita apresentou música inédita de Cláudio Lins, Cupido, reacendeu Estrela, estrela (Vitor Ramil, 1981) e tomou para si Encontros e despedidas (1981).

Música de Milton Nascimento e Fernando Brant (1946 – 2015) lançada há 22 anos por Simone, Encontros e despedidas se tornou emblemática na voz de Maria Rita, a ponto de a parte vocal da gravação ter sido incorporada à canção a partir de 2003.

Para muitos ainda o melhor disco da cantora, que se converteria com sucesso ao samba em 2007, o álbum Maria Rita completa hoje 20 anos sem perda de viço.

Também lançado em países da Europa e da América Latina, além de ter feito imenso sucesso no Brasil com vendas que alcançaram o patamar do milhão de cópias, o disco ainda permanece como uma das mais vigorosas estreias fonográficas de um artista brasileiro em todos os tempos.

Os efeitos do furacão ainda são sentidos na música brasileira.

Capa do álbum 'Maria Rita', de 2003

Reprodução


FONTE: G1 Globo


VEJA TAMBÉM
FIQUE CONECTADO