Mauricio de Sousa reage a ataque contra candidatura à ABL: ‘Quadrinhos são revolucionários, ficam entre literatura e arte gráfica’
Fique por dentro de todas as notícias pelo nosso grupo do WhatsApp!
Escritor e desenhista concorre à cadeira 8 da ABL, que era ocupada pela acadêmica Cleonice Berardinelli. À Veja, o jornalista James Akel, que também tenta ocupar a cadeira, afirmou que 'gibi não é literatura'. Mauricio de Sousa e livro do Horácio, seu alter ego
Reprodução “Fiquei surpreso e emocionado.” De volta ao Brasil após duas semanas no Japão, Mauricio de Sousa conversou com exclusividade com o g1 sobre a repercussão que sua candidatura à Academia Brasileira de Letras (ABL) tomou nos últimos dias. O escritor e desenhista concorre à cadeira 8 da ABL, que era ocupada pela acadêmica Cleonice Berardinelli. O segundo autor vivo mais conhecido do Brasil, de acordo com pesquisa Ibope de 2019, atrás apenas de Paulo Coelho, levou com bom humor o argumento levantado por um dos seus concorrentes. À "Veja", o jornalista James Akel, que também tenta ocupar a cadeira, afirmou que "gibi não é literatura". No último dia 14, à revista, Akel disse que decidiu tentar a vaga ao saber que Mauricio escreveu em sua carta de candidatura que "quadrinhos são literatura pura". "Isso me deixou zangado e decidi me inscrever imediatamente”, disse o jornalista. Mauricio simplesmente riu quando questionado sobre o assunto. Contou como a internet reagiu em sua defesa, bem como fãs, colunistas, autores e jornalistas. Segundo um membro da Academia Paulista de Letras (APL) que prefere não se identificar, o ataque a Mauricio foi uma tática "para aparecer". Aos 87 anos, Mauricio é o único quadrinista do mundo a integrar uma academia de letras - no caso, a APL. A Câmara Brasileira do Livro (CBL) apoiou seu nome na eleição do dia 27. Nos bastidores, o filólogo Ricardo Cavaliere é o favorito à cadeira 8. O imortal Paulo Coelho, por exemplo, declarou voto em Mauricio. “Caso Mauricio de Sousa resolva levar até o final sua candidatura para a ABL, ele pode ter certeza do meu voto. O momento é agora.” Veja a entrevista com o escritor: O senhor ficou abalado com a crítica? Absolutamente, não. Fiquei até assustado com a dimensão que tomou pela repercussão positiva. Significa que não errei tanto. Quadrinhos são literatura? São revolucionários porque ficam entre a literatura e as artes gráficas. Eisner [Will Eisner, quadrinista norte-americano] me fez sentir que a linguagem dos quadrinhos é uma revolução de ideias. E com os quadrinhos tudo é possível. Como foi sua visita à ABL? Foi muito bonita. Fui recebido pelo presidente da Academia, muito simpático. Pedi licença e entreguei um volume recém-lançado do Horácio. Um dos acadêmicos me surpreendeu com uma ilustração que fiz e já não lembrava. Os imortais falando o nome dos personagens que criei, foi lindo. Nas redes sociais, uma leitora disse que nenhum dos candidatos criaria um personagem com a complexidade do Cebolinha. Ele tem muitos planos infalíveis e faz muita confusão. Personagens são como pessoas, têm suas características marcantes, também mudam com o tempo. Qual personagem foi o mais mencionado na sua visita à ABL? O Cebolinha. Dizem que nenhum autor movimentou tanto uma eleição na ABL. Algum comentário? Isso não posso provar, mas quer dizer que meu trabalho provoca alguma reação nas pessoas. Mauricio de Sousa: obra do cartunista chega a 30 países. Claudio Belli/ Divulgação MSP E as novidades? A história da minha vida vai virar filme. E o Martin, meu neto, está cada dia mais esperto. Mais de 60 anos de histórias Mauricio de Sousa quebrando a quarta parede Reprodução Horácio é o alter ego de Mauricio. Apenas ele desenha e escreve histórias do personagem. Com o Horácio, aprendeu que conseguia criar por instinto. “Começava a desenhar e não sabia como terminaria. Magia que só a literatura proporciona.” Em 2022, a Mauricio de Sousa Produções (MSP) vendeu mais de 12 milhões de gibis e mais de 2 milhões de livros. Quem convive com o pai da Turma da Mônica sabe que Mauricio é determinado. “Ele quebra paredes há décadas”, brincou Sidney Gusman, editor da MSP.FONTE: G1 Globo