Silicon Valley Bank: o que se sabe sobre a maior falência de um banco nos EUA desde 2008
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Especialistas em economia norte-americanos afirmam não acreditar que encerramento das atividades do banco cause um efeito dominó semelhante ao que levou à crise financeira de 2008. Agência fechada do SVB em Menlo Park, na Califórnia.
Reuters via BBC Autoridades americanas anunciaram na sexta-feira (10) o encerramento das atividades do Silicon Valley Bank (SVB), banco financiador de startups. A notícia da falência, a segunda maior do setor bancários dos EUA, provocou apreensão entre os clientes do SVB que não conseguiram movimentar o dinheiro aplicado no banco. Falência de banco põe em risco empresas de tecnologia nos Estados Unidos O impacto do fim do SVB ainda não está claro, mas especialistas em economia dos EUA afirmam não acreditar que a falência do banco cause um efeito dominó semelhante ao que levou à crise financeira de 2008. O g1 explica abaixo o que se sabe sobre o caso e quais reflexos a falência pode ter nos EUA. O que aconteceu? Qual o tamanho e a importância do SVB? A falência já impactou o mercado? Os clientes terão acesso ao dinheiro aplicado? O que aconteceu? A mídia americana relata que um dos fatores que resultou na falência do SVB é o aumento na taxa de juros dos EUA, que passou de 0,25%, em 2020, para 4,75%, em fevereiro deste ano, em uma tentativa do Banco Central americano de controlar a inflação. O SVB atendia principalmente startups e financiadores. Como o setor de tecnologia começou a desacelerar nos últimos meses, com os constantes aumentos na taxa de juros para frear a inflação, as empresas atendidas pelo SVB começaram a retirar dinheiro mais rápido do que o esperado. Além da queda nos recursos, o SVB também viu novos investimentos minguarem. Com isso, o banco foi ficando sem dinheiro. Para piorar a situação, o banco havia realizado uma série de investimentos no Tesouro dos EUA e em títulos de dívida pública ligados ao governo. Com o aumento da taxa de juros, os valores desses títulos foram caindo. A imprensa americana relatou que, na quarta-feira (6), o SVB anunciou a venda de diversos títulos com prejuízo. Em uma tentativa de equilibrar as contas, o SVB afirmou que venderia US$ 2,25 bilhões em novas ações. Entretanto, o anúncio gerou pânico em empresas de capital de risco, fazendo com que investidores retirassem dinheiro do banco. Na quinta-feira (9), o presidente-executivo do banco, Greg Becker, pediu para os clientes manterem a calma. No entanto, muitos investidores não confiaram no pedido de Becker, e as ações despencaram 60%, fazendo o SVB perder quase US$ 10 bilhões, segundo a Bloomberg. De acordo com a imprensa americana, houve uma corrida entre investidores para a retirada de dinheiro do banco nas últimas 48 horas, tornando o SVB praticamente insolvente. LEIA TAMBÉM: 'Big techs' demitem mais de 50 mil pessoas em 3 meses Bold Glamour: conheça o filtro polêmico do TikTok que 'faz' harmonização facial Veja quais tarefas do cotidiano o ChatGPT consegue fazer (talvez melhor do que você) Qual o tamanho e a importância do SVB? O SVB é a maior instituição a quebrar desde o colapso no sistema financeiro americano em 2008, que, à época, gerou uma crise mundial. O Silicon Valley Bank tinha cerca de US$ 209 bilhões em ativos até o fim de 2022, o que o tornava o 16º maior banco dos EUA, segundo o Federal Reserve – o banco central norte-americano. Além disso, o branco é credor fundamental para empresas em estágio inicial e é parceiro bancário de quase metade das empresas americanas de tecnologia e saúde apoiadas por capital de risco listadas nas bolsas de valores no ano passado. A falência já impactou o mercado? Após anunciar na quinta-feira (9) que estava tentando levantar US$ 2,25 bilhões (R$ 11 bilhões) para cobrir uma perda causada pela venda de ativos, as ações do SVB tiveram sua maior queda, de mais de 60%, em um dia. Preocupações de que outros bancos possam enfrentar problemas semelhantes levaram à venda generalizada de ações de bancos em todo o mundo na quinta-feira e no início da sexta-feira. Bolsas ao redor do mundo registraram quedas no final de sexta: a Nasdaq de 1,7%, S&P 500 1,4% e Dow Jones 1%. Os principais índices europeus e asiáticos também fecharam em baixa, com a FTSE 100 caindo 1,6%. As ações de alguns dos maiores bancos dos EUA se recuperaram na sexta, mas os bancos menores continuaram sendo atingidos. Os clientes terão acesso ao dinheiro aplicado? A Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), que normalmente protege depósitos de até US$ 250 mil, disse que assumiu o controle de cerca de US$ 175 bilhões (cerca de RS 900 bilhões) em depósitos mantidos no banco. Os escritórios e agências do banco devem ser reabertos "até segunda-feira de manhã", quando clientes com depósitos segurados poderão ter acesso aos fundos. Ainda de acordo com a FDIC, o dinheiro obtido com a venda dos ativos do banco irá para depositantes não segurados. Os funcionários do banco receberam neste sábado (11) uma proposta da FDIC para trabalharem por 45 dias de trabalho por 1,5 vez o salário. Os colaboradores foram instruídos a continuar trabalhando de forma remota, exceto trabalhadores essenciais e funcionários das filiais.FONTE: G1 Globo