Suspensão de jornalistas do Twitter por Elon Musk provoca reações da imprensa e de autoridades
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Bilionário suspendeu contas de repórteres por alegar, sem provas, que eles estariam compartilhando seus dados de localização. Entidades veem risco à liberdade de expressão. Elon Musk; Twitter; tecnologia
Robyn Beck/Pool via REUTERS/File Photo A súbita suspensão das contas de vários jornalistas americanos do Twitter provocou nesta sexta-feira (16) reações de grandes veículos de comunicação, além de ameaças de sanção por parte da União Europeia. Vários jornalistas foram suspensos da rede social, incluindo funcionários de veículos como CNN (Donie O'Sullivan), The New York Times (Ryan Mac), The Washington Post (Drew Harwell) e jornalistas independentes. A plataforma também suspendeu a conta da rede social Mastodon, concorrente do Twitter. Após a súbita suspensão das contas dos jornalistas, Elon Musk, que assumiu o controle da plataforma alegando que defenderia a liberdade de expressão na rede social acima de tudo, acusou os repórteres de compartilhar informações privadas sobre seu paradeiro, mas não apresentou provas. A decisão de Elon Musk, que assumiu o controle da plataforma alegando que defenderia a liberdade de expressão na rede social acima de tudo, gerou críticas de diversas envolvendo os veículos de imprensa, entidades da sociedade e setores políticos em diferentes países. Comissão Europeia Qualificando a decisão do magnata como "preocupante", a vice-presidente da Comissão Europeia, Vera Jourova, lembrou em um tuíte que há "linhas vermelhas" e o ameaçou "com sanções, em breve". "A liberdade de imprensa não deve ser ligada e desligada à vontade", tuitou o ministério das Relações Exteriores da Alemanha. "É por isso que temos um problema com o Twitter", acrescentou. Alemanha O Ministério das Relações Exteriores da Alemanha tuitou capturas de tela das contas de jornalistas suspensas pelo Twitter, alertando a plataforma de que o ministério tem problemas com medidas que colocam em risco a liberdade de imprensa. "A liberdade de imprensa não pode ser ligada e desligada por capricho", escreveu o ministério em sua conta oficial no Twitter. "Os jornalistas abaixo não podem mais nos seguir, comentar e criticar. Temos um problema com isso, @Twitter." Os reguladores alemães já estão pressionando as instituições governamentais a pararem de postar anúncios exclusivamente em plataformas privadas, divulgando alternativas como a incipiente rede descentralizada de mídia social Mastodon. Inglaterra As plataformas de mídia social, independentemente de quem as possui, devem equilibrar a proteção de seus usuários com a preservação da liberdade de expressão, disse um porta-voz do primeiro-ministro britânico Rishi Sunak na sexta-feira, quando questionado sobre a suspensão de alguns jornalistas em Twitter. Questionado sobre as suspensões, o porta-voz disse: "Deixamos claro que, independentemente da propriedade das plataformas de mídia social, devemos equilibrar a proteção de seus usuários e, ao mesmo tempo, defender a liberdade de expressão. “É por isso que, de acordo com a Lei de Segurança Online, grandes plataformas como o Twitter serão proibidas de suspender ou banir usuários quando isso não violar seus termos de serviço”. França O ministro francês da Transição Digital, Jean-Noël Barrot, disse na mesma rede social que estava "angustiado com a guinada a que Elon Musk está precipitando o Twitter": "A liberdade de imprensa está na mesma base da democracia, é um ataque contra o outro". - "Suspensão temporária" - Musk afirmou em uma série de tuítes postados durante a madrugada que "contas envolvidas em doxing (revelação intencional e pública de informações pessoais sem autorização) recebem uma suspensão temporária de 7 dias". Ele acrescentou que as regras se aplicam tanto "'aos jornalistas' quanto a qualquer outra pessoa". Mídias "A suspensão impulsiva e injustificável de vários jornalistas, incluindo Donie O'Sullivan, da CNN, é perturbadora, mas não surpreendente", afirmou o canal em um comunicado. "A crescente instabilidade e volatilidade do Twitter é uma preocupação particular para qualquer um que usa a plataforma. Pedimos uma explicação ao Twitter e reavaliaremos nosso relacionamento com base nessa resposta", acrescentou a CNN. "Esperamos que as contas de todos esses jornalistas sejam restauradas e que o Twitter forneça uma explicação satisfatória", afirmou Charlie Stadtlander, porta-voz do The New York Times. Entenda o caso A história começou na quarta (14), quando Musk tuitou que um veículo em Los Angeles que transportava um de seus filhos foi seguido por "um perseguidor maluco" e deu a entender que atribuía o suposto incidente ao rastreamento de seu jato particular. Ele também anunciou que iria processar a pessoa por trás da conta @ElonJet, que já foi suspensa. A conta relatava automaticamente as viagens de jato particular de Musk. Criado por um estudante e seguido por cerca de 500 mil pessoas, o @ElonJet usou dados públicos para indicar automaticamente quando e onde o avião do magnata decolou e pousou. Em seguida, o Twitter informou que atualizou sua política para banir tuítes que, na maioria dos casos, revelam a localização de uma pessoa em tempo real. Musk, que comprou o Twitter em outubro por US$ 44 bilhões, havia prometido não mexer na conta @ElonJet. Ele restaurou contas antes banidas pela rede social, inclusive a do ex-presidente americano Donald Trump. Também suspendeu a conta do rapper Kanye West após várias postagens antissemitas e rejeitou o retorno do conspirador de extrema-direita Alex Jones à plataforma. *Com informações da Reuters e France PresseFONTE: G1 Globo