Virgem até os 29 anos, DJ Zé Pedro relata memórias musicais e amorosas no livro ‘Mela cueca’
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Prefaciado por Lulu Santos e lançado em São Paulo nesta segunda-feira, 6, o guia de baladas românticas mostra que o grande amor do DJ é a música. Zé Pedro em 1988 na primeira apresentação como DJ (à esquerda) e nos tempos atuais
Acervo pessoal Zé Pedro / Divulgação / Montagem g1 ♪ DJ Zé Pedro somente deu o primeiro beijo aos 29 anos, idade com que perdeu a virgindade com o primeiro namorado, Fábio. Mas o amor chegou muito antes na vida de José Pedro Selistre, gaúcho nascido em Porto Alegre (RS) em 8 de outubro de 1964. Sim, Zé Pedro amou desde cedo com a intensidade que o rege o espírito inquieto desse DJ-artista. É que o grande amor de Zé Pedro é a música. Não somente a música brasileira, como podem supor muitos que o conhecem como o DJ que pôs a MPB na pista, mas a música do mundo, em especial a música romântica que, no dicionário pop atual, também pode ser designada como sofrência. Segundo livro de Zé Pedro, Mela cueca – As canções de amor que o mundo esqueceu (Garota FM Books) – livro que será lançado na noite de hoje, 6 de novembro, no Bona, em São Paulo (SP), uma semana após o evento que agitou o clube carioca Manouche – apresenta essa história de amor com a música. Prefaciado por Lulu Santos (“Junior do Leme, o nosso DJ Zé Pedro, veio ao mundo a convite da música”), o livro faz o estilo dois em um. No começo, Zé Pedro brinda o leitor com aliciante relato autobiográfico em que narra a convivência com os pais, Maria e José, ambos fora da ordem social, mas amorosos à maneira deles, e a iniciação profissional e amorosa no Rio de Janeiro (RJ), cidade para onde migrou em 1972, vindo de Porto Alegre (RS). Menino desajustado do Rio, José perambulou por vários bairros da zona sul carioca graças aos truques dos pais cambalacheiros. Desses bairros, o Leme acabou sendo especialmente marcante. A ponto de José ter virado o Junior do Leme. Até que, em 1985, o desastrado bancário pediu demissão para trabalhar como caixa da boate Crepúsculo do Cubatão, templo carioca dos darks dos anos 1980. Sem habilidade (e sem a mínima vontade...) para etiquetar casacos e atender telefones, José queria mesmo era se esbaldar na pista. Três anos depois, precisamente em 1988, o caixa inábil foi percebido como alguém que poderia animar aquela pista. E assim, numa quarta-feira de 1988, nasceu o esfuziante e extravagante DJ Zé Pedro, saudado efusivamente como a nova grande atração da noite carioca em reportagem assinada por Joaquim Ferreira dos Santos e alçada à capa da revista Programa, o guia de fim de semana do Jornal do Brasil. Capa do livro 'Mela cueca – As canções de amor que o mundo esqueceu' Arte de Lionel Mota O resto é história que passou pela pista tropicaliente do Banana Café e pela vitrine hype da boate Resumo da Ópera, ganhando novos capítulos em São Paulo (SP), cidade onde Zé se radicou em 1993 a convite do empresário Ricardo Amaral. Prevista para ser breve, a estadia paulistana já dura 30 anos. Na pauliceia, o desvairado DJ ingressou no mundo da moda em 1996, ganhou fama nacional em 1999 ao animar o programa Superpop – comandado por Adriane Galisteu na Rede TV – e produziu em 2002 o primeiro disco de remixes, Música para dançar, jogando gravações de ícones da MPB como Caetano Veloso, Gal Costa (1945 – 2022), Maria Bethânia (um dos primeiros amores musicais do DJ) na pista da música eletrônica. Nove anos depois, em 2011, Zé abriu a gravadora Joia Moderna, pela qual foram editados álbuns históricos de cantoras como Cida Moreira (A dama indigna, 2011), Alice Caymmi (Rainha dos raios, 2014) e Letrux (Em noite de climão, 2017), além do recente Belezas são coisas acesas por dentro (2023), potente tributo de Filipe Catto a Gal Costa. Com 208 páginas, o livro Mela cueca – As canções de amor que o mundo esqueceu extrapola o formato de autobiografia. A maior parte do livro é, a rigor, um guia afetivo de baladas românticas lançadas entre 1970 e 1980. Nesse guia, as memórias são menos biográficas e mais informativas, mas ainda assim permeadas pelo afeto. Porque o grande amor, o maior amor, da vida de José Pedro Selistre é a musa música. E foi com esse imenso e desmedido amor que Zé Pedro perdeu a virgindade tão logo se entendeu por gente que é para brilhar.FONTE: G1 Globo