Virgin Galactic: após 18 anos de espera, brasileiro pode viajar ao espaço como turista em 2024
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Brasileiro será o passageiro de número 30 da Virgin Galactic, empresa que começou a operar voos ao espaço para turistas. Virgin Galactic fez seu voo inaugural na semana passada
PA MEDIA Depois de quase duas décadas de espera, o executivo acredita que está chegando um momento histórico na sua vida. O brasileiro de 67 anos radicado em Londres está na lista para viajar como turista espacial pela Virgin Galactic, empresa que começou a oferecer voos espaciais comercialmente. O foguete Unity, da Galactic, vai começar a levar a partir de agosto as mais de 800 pessoas que já compraram ingressos para fazer turismo espacial. Hartogs está no grupo de "fundadores" — as primeiras pessoas que compraram ingressos, em 2005. São pouco mais de 40 pessoas que há 18 anos aguardam a oportunidade de ir ao espaço sem a necessidade de treinamentos pesados, como fazem os astronautas. A previsão inicial da Virgin era de que os primeiros voos aconteceriam em 2008. Mas o projeto sofreu inúmeros percalços ao longo do tempo — inclusive um acidente com um veículo de testes em 2014 que matou um piloto. Os custos e prazos do projeto foram muito maiores do que o previsto inicialmente. Na semana passada, o avião-foguete Unity, da Virgin Galactic, finalmente iniciou suas operações comerciais. O veículo sobrevoou o deserto do Novo México na quinta-feira (29/6) com três pesquisadores italianos a bordo, que conduziram experimentos científicos em condições de baixíssima gravidade. Ficha 30 Hartogs conta que ao longo das décadas, a Virgin Galactic sempre se manteve em contato praticamente semanal com os chamados "fundadores". Ele fez treinamentos, viajou algumas vezes ao deserto de Mojave, nos EUA, e já conversou algumas vezes com o bilionário Richard Branson — o CEO do grupo Virgin e idealizador do voo espacial comercial. Agora que os voos finalmente começaram, Hartogs conta que foi sorteado com o número 30 na lista de pessoas a irem para o espaço. Cada voo carrega quatro passageiros e dois pilotos — e acredita-se que haverá um voo por mês. O brasileiro calcula que sua vez de ir ao espaço chegará entre abril e junho de 2024. A partir de 2026, com ajuda de novas tecnologias que estão sendo desenvolvidas, a Virgin quer aumentar a frequência de voos para uma vez por semana. Bernardo Hartogs será o passageiro de número 30 da Virgin Galactic ARQUIVO PESSOAL Hartogs diz que seu entusiasmo com a perspectiva de viajar no foguete não diminuiu ao longo dos anos. "Vou sair fora da atmosfera do nosso planeta, que deve ser uma sensação inimaginável", disse Hartogs à BBC News Brasil. O executivo do mercado de petróleo tinha menos de 50 anos quando comprou seu ingresso. Ele descobriu a possibilidade de voar para o espaço como turista por acaso. Sua filha era amiga de infância de um dos executivos da Virgin. Um dia, em um café, o executivo contou a Hartogs sobre os planos pioneiros da empresa. "Ele disse: 'Estamos planejando enviar pessoas ao espaço. E você pode comprar um ingresso de fundador. Quem pagar agora, poderá estar entre os primeiros a viajar.' Ele me mandou um DVD, que eu olhei em casa. Logo depois, eu telefonei para ele e disse: 'Eu compro'." Hartogs gosta de velocidade e aventuras. Ele possui uma coleção de carros antigos de Fórmula-1 — Lotus-15, Lotus 18, Alfa Romeo e Ford GT 40 — e costuma pilotar esses modelos antigos em circuitos como Silverstone e Monza. No solo, esses carros superam velocidades de 200 quilômetros por hora — mas, no foguete, Hartogs viajará a uma velocidade próxima a Mach 3, ou seja, mais de 3 mil quilômetros por hora (ou três vezes a velocidade do som). O Unity é um veículo suborbital. Isso significa que ele não pode atingir a velocidade e a altitude necessárias para ficar em órbita, ou seja, se manter no espaço e circundar o globo. O Unity é primeiro transportado por um avião muito maior a uma altitude de cerca de 15 km (50 mil pés), de onde o foguete é lançado. Um motor na parte traseira do Unity é então acionado. A altura máxima alcançada pelo Unity é de aproximadamente 90 km (295 mil pés). Em pouco tempo, a gravidade puxa o veículo de volta à terra. Mas a espaçonave foi projetada para oferecer aos passageiros vistas deslumbrantes no topo de sua subida e permitir que eles experimentem a ausência de gravidade por alguns minutos. Os passageiros podem desafivelar o cinto para flutuar até uma janela, antes que o avião estabilize sua queda e deslize de volta para a terra. Amadurecimento Hoje aos 67 anos, ele conta que essas quase duas décadas de espera serviram apenas para amadurecer ainda mais sua convicção de ir ao espaço — e também ajudaram a convencer seus familiares, que inicialmente tinham receios sobre a aventura. "Só de pensar que vou para o espaço em seis, sete meses, isso é uma loucura. Mas [essa demora] ajudou a convencer melhor a minha família a me deixar ir", diz ele, em meio a risadas. Apesar das brincadeiras, ele diz que seus familiares apoiam seu sonho. "Eu falei com o Richard Branson quando ele voltou da viagem que ele fez ao espaço [em 2021] e ele me disse que essa experiência é algo que só se pode entender viajando mesmo. É algo que muda toda a sua perspectiva." Em 2005, quando os primeiros bilhetes para o espaço foram vendidos, noticiou-se que os chamados "fundadores" — como Bernardo Hartogs — pagaram US$ 200 mil. Hoje a Virgin Galactic vende o pacote de viagem — que dura 90 minutos — por US$ 450 mil (mais de R$ 2 milhões). A empresa diz que, apesar do preço alto, a demanda por viagens espaciais é alta, e mais de 800 pessoas estão inscritas. Richard Branson é um dos bilionários que participa da atual corrida espacial comercial REUTERS Ao longo dos anos, outras empresas também entraram no mercado de turismo espacial. A Virgin Galactic perdeu a corrida para levar passageiros pagantes ao espaço em 2021 para a Blue Origin, empresa do bilionário Jeff Bezos. O multimilionário americano Dennis Tito se tornou o primeiro turista espacial do mundo pagando US$ 20 milhões (cem vezes mais do que o valor pago pelos "fundadores" da Virgin). O fundador da Amazon tem um sistema de foguetes e cápsulas chamado New Shepard. É uma abordagem diferente do Unity, mas que faz essencialmente o mesmo trabalho de levar as pessoas a viagens curtas acima da atmosfera. Agora, a entrada da Virgin Galactic no mercado marca uma nova era no turismo espacial, com voos regulares de mais empresas — além da Virgin e da Blue Origin, a Space X, de Elon Musk, também atua nesse mercado. -Este texto foi publicado em: https://www.bbc.com/portuguese/articles/cx9pw7lrrlzo Virgin Galactic completa primeiro voo comercial ao espaço: Virgin Galactic completa primeiro voo comercial ao espaçoFONTE: G1 Globo